Reflexão:
Triste época! É mais fácil
desintegrar um átomo do que um preconceito.
Albert Einstein
PAUTA
1. Vídeo: Documentário visual ( Earth)
a) No vídeo documentário visual
Earth (Terra) analisar a riqueza da natureza estabelecendo uma comparação entre
os espaços dos seres humanos na Terra, discutindo e registrando a questão de
sobrevivência e convivência neste espaço que integra um mundo rico e
abundante, e que apesar do descuido humano ainda é habitável.
É sabido que as religiões indígenas davam muita
importância à terra, com essa visão do mundo, eles garantiam a propriedade
coletiva da terra, ninguém poderia dizer que a terra era sua, pois a mesma era
de toda a aldeia. (Pellegrini, Eti alii) 2010, com adaptações.
b) É necessário a existência de
guerras, mortes, desmatamento e outros problemas sociais como a discriminação
racial e étnica?
c) Onde o povo indígena entra no
contexto relacionado ao planeta Terra, à demografia da mesma e ao espaço
geográfico?
c) Usando o seu conhecimento
sobre o povo autóctone, qual é o modo de produção e as atribuições do “homem
branco” no processo histórico deste povo?
2- Vídeo: Fantástico"Antropólogo americano dedica a vida a estudar índios
maranhenses"
a) Destacar o papel do “homem
branco” na vida da aldeia, bem como as mudanças ocorridas a partir deste
contato.
b) Quais mudanças são visívei em
relação à sexualidade na tribo?
c) O que leva um homem, na
posição do antropólogo do documentário, a fazer essa experiência com os índios?
d) Como o processo de aculturação
pode ser percebido na vida desses índios?
3) Iconografias (pinturas): Primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles (1861)
Com um tempo de quase 90 anos de diferença, as
telas apresentadas, mostram um pouco da nossa História, evidenciando a cena da
primeira missa feita no Brasil, que nos fora transmitida pela carta de Pero Vaz
de Caminha.
A tela de Victor Meirelles, ligado ao romantismo,
mostra a fundação do Brasil numa visão de um encontro cordial entre os dois
povos, o português o o indígena. “Não há conflito. Há paz, harmonia, respeito.
Os indígenas formam uma espécie de moldura para a parte central da cena,
ocupada pelo altar e pelos portugueses. Meirelles procurou demonstrar a
curiosidade dos indígenas em relação ao ritual religioso: alguns se movem,
talvez incomodados com o que não conheciam, outros se deixam ficar estáticos,
observando os detalhes, ouvindo as palavras, mesmo que não fossem capazes de
decodificar tudo isso naquele momento.” (Campos e Faria, 2009)
Na tela de Cândido Portinari, é excluída a natureza
e os índios, existe uma crítica que confronta a narrativa sob a carta de
Caminha. Também é evidente que não existe a cruz fincanda no altar. Portinari
foi um grande artista brasileiro, oriundo do estado de São Paulo. Retratou
painéis e murais. Grande ativista da Semana de Arte Moderna de 1922 foi
considerado um pintor de grandes temáticas sociais. (extraído do site:
http://www.culturabrasil.pro.br/portinari.htm)
Após a leitura sobre a análise
das iconografias, seguem os questionamentos, disponíveis no livro História e
linguagens, de Campos e Faria (2009) com algumas adaptações.
a) Que documento histórico
escrito aborda o fato retratado na obra? A cena apresenta diferenças em relação
ao conteúdo desse documento? Há elementos na cena que suscitam dúvidas quanto à
sua representação da história?
b) Que elementos compõem a cena?
Quem são os personagens da cena? O que eles fazem? Eles podem ser divididos em
grupos? O que os caracteriza? Que sentimentos expressam? Nas duas imagens
existe a presença de todos os personagens?
c) Qual o principal símbolo da
cena? O que ele representa? Que relação há entre o símbolo e os personagens?
Por que na segunda imagem não está inserida a cruz?
d) Sabendo-se que Victor
Meirelles foi incentivado e patrocinado pelo governo imperial, que essa obra
contou com grande reconhecimento no exterior e que ela é muito usada em livros
de história, qual o papel dessa pintura na construção da identidade
nacional? Como contrapor a pintura de Meirelles à de Portinari?
4) Vídeo: A religião mudou mitos e costumes indígenas
- Jornal Nacional (Globo)
a) Que processo é percebido na
reportagem?
b) Quando se toma a questão de
aculturação no Brasil, fica evidente a participação do chamado “homem branco”
na cultura indígena! Essa situação histórica sempre fora encarada como um
processo de degeneração da identidade cultural dos povos indígenas. De que
maneira se explica essa situação atualmente, haja vista a diferença do povo que
aqui existia antes da chegada do europeu?
Texto
Expedições percorrem o sul da Bahia para conhecer
os índios Pataxós, que estão totalmente ligados à terra do descobrimento.
Concentrados em aldeias há pelo menos 150 anos, esse grupo indígena ocupa o
litoral baiano, que vai desde Belmonte e Cabrália, ao norte, passando por Porto
Seguro e Monte Pascoal, até Prado, ao sul. No século XX, os Pataxós sofreram um
grande processo de aculturação e foram colocados à margem da sociedade. Os
resultados foram a invasão de seus territórios e a perda quase total de sua
cultura -um processo intensificado, principalmente com a implantação de grandes
fazendas de
pecuária.
Paula Saldanha e Roberto Werneck documentam a
Reserva da Jaqueira, ligada à Reserva da Coroa Vermelha, que abriga um Ponto de
Cultura, onde famílias vivem para manter e divulgar a cultura Pataxó; Barra
Velha, considerada a 'Aldeia Mãe', a mais populosa e a mais tradicional; Aldeia
Pé do Monte, na base do Monte Pascoal -- referência espiritual para os Pataxós;
e as 'Escolas Diferenciadas', com professores indígenas e ensino bilíngue, que
preparam os jovens para a vida moderna, valorizando os costumes, a cultura e a
identidade étnica entre as novas gerações.
Uma conquista recente foi a decisão do Supremo
Tribunal Federal (STJ), que reconheceu o direito dos Pataxós às terras da
reserva Caramuru-Catarina-Paraguassu, anulando todos os títulos de propriedade
concedidos a fazendeiros, em terrenos localizados dentro dessa área
indígena.
Expedições mostram o que lideranças indígenas estão
fazendo para conquistar qualidade de vida para cerca de 20 mil brasileiros que
compõem o povo Pataxó. O documentário mostra também a luta de um povo guerreiro
que encontrou meios para resistir à pressão dos homens brancos e para manter
sua cultura viva.
a) Discuta a realidade desse povo
e a intervenção do mesmo para manter a riqueza de sua cultura.
b) Qual a importância do
documentário para a nossa cultura em relação aos indígenas?
Bom trabalho!
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REFLEXÕES DA EQUIPE
Vídeo - Programa Fantástico (Globo)- Antropólogo americano dedica a vida a estudar indios maranhenses. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=_KhbsgdwVOU . Acesso em 30 jun. 2012.
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REFLEXÕES DA EQUIPE
Sabemos
tudo sobre o
nosso planeta? Não, há muita informação, que nem mesmo os grandes pesquisadores
e cientistas ainda conseguiram desvendar. Sabe-se que há cinco bilhões de anos, um gigantesco
asteróide se chocou com a Terra. O impacto foi tão grande que inclinou o
planeta em um ângulo de 23º30'. Mas, isso não foi uma catástrofe. Este acidente
cósmico foi crucial para a criação da vida e do mundo. Se a Terra não tivesse
sido inclinada nós não teríamos uma variedade tão espetacular de paisagens, ou extremos
tão quentes e frios, nem as mudanças de estação. E, mais importante, não
teríamos as condições perfeitas para viver. E assim, mesmo com as intempéries,
a vida na Terra prossegue. A terra vive uma história por dia, em bilhões de
vezes, 365 dias por ano. Enquanto passa pelas estações, cada criatura viva se
curva ao poder do Sol.
Realmente o
planeta Terra é lindo! Tudo o que existe na natureza é fantástico. Observando
as imagens do documentário “Earth” nos damos conta de quanto perdemos por não
aproveitar com sabedoria e respeito, a maravilha que é o Planeta Terra.
Somos apenas um
grão de areia nessa infinita beleza, e nos achamos donos de tudo!
Neste contexto,
destacamos os indígenas, povos adoradores da natureza, cuja vida absolutamente
natural chamou a atenção de Bill Crocker, antropólogo americano que abandonou suas
origens para viver com os índios Canelas, que vivem no centro-sul do maranhão.
O vídeo mostra as mudanças
ocorridas na comunidade em consequência da permanência de Bill; aliás, é justamente
esse registro que mostra o resultado dessa interferência.
Houve um processo de aculturação,
não impositiva, o que contribuiu tanto para Bill, quanto para a tribo.
A aculturação
é um processo de imposição cultural ,
ocorrido no Brasil colonial, através
catequização dos índios e negros .
Atualmente, e
como observa-se na reportagem “A
religião mudou mitos e costumes indígenas “ a
aculturação tem uma nova conotação – se faz como resultado da absorção mútua de duas
culturas, suas características e costumes, gerando uma nova referência.
A identidade
social do indígena não é destruída neste contato, porque este processo não é
impositivo, nem violento, mas oriundo de uma necessidade de informação e busca
de aspectos culturais por parte deste povos.
Em se tratando
de indígenas, registros se fizeram também através das artes. Duas obras
interessantes podem ser citadas e comparadas nas suas especificidades. Elas
retratam trecho da carta de Pero Vaz de Caminha, acerca da primeira missa
realizada no Brasil. O que Caminha diz na carta ao rei de Portugal evidencia a
missa como sendo algo importante para todos os portugueses, e que os índios a
viam com grande curiosidade, sendo assim a obra de Meirelles se assemelha em
vários aspectos ao que foi retratado na carta. Tendo em vista o contexto
histórico, é perceptível que os indígenas não se comportariam de maneira tão
dócil como retratado na obra de Meirelles.
A obra de
Meirelles é composta de elementos ligados ao romantismo, assim usa-se todos os
personagens de maneira harmônica. Na cena nota-se o padre que rezou a missa,
portugueses, e os indígenas que parecem deslumbrados com aquele rito. Há a
possibilidade de divisão em grupos dos que compõem a cena, pode se colocar o
padre como quem dirige o ritual, o grupo de portugueses que vivenciam sua fé, e
os indígenas que não entendem o que está acontecendo, mas ficam ali para
observar. Porém, quando Portinari faz uma leitura do mesmo fato ele, exclui os
indígenas e a natureza da obra, pois para ele, não se trata de um momento tão
pacífico, tendo em vista que uma das maneiras de violência contra os indígenas
foi a catequização, que fazia com que eles deixassem de acreditar nos seus
deuses e passassem a acreditar no Deus dos portugueses.
O símbolo
principal da cena, na obra de Meirelles é a cruz nas mãos do padre que rezava a
missa. Representando assim, a ressurreição, uma nova vida, a mesma proposta da
catequização aos indígenas. Portinari exclui a cruz da sua obra, pois o lado
crítico que ele propõe é justamente romper com esse caráter pacifista dos
portugueses, que nos foi incutido pelos livros didáticos.
A tela de
Meirelles nos foi sempre apresentada como representação fiel do fato, porém
nela temos que perceber a influência elitista de colocar os colonizadores como
sendo somente bem-feitores. Ao passo que a de Portinari justamente faz o
caminho inverso, pois quando exclui elementos da cena (cruz, indígenas,
natureza), ele procura retratar o fato de uma nova perspectiva, de separar,
portugueses, indígenas e fé, ou seja, uma relação pacífica que nunca existiu.
Através do Vídeo
“Índios Pataxós e a Terra do descobrimento” podemos perceber que com a chegada
do homem branco, esse povo foi perdendo seu território. Os primeiros povos
Pataxós eram nômades que subsistiam da caça, pesca e coleta de frutas e raízes.
Com a tomada de seus territórios, muitos deixaram suas tribos e foram morar nas
praias baianas. Mas o povo Pataxó é guerreiro e permaneceu na sua cultura livre.
A importância
deste documentário está expressa no conhecimento da verdadeira história deste
povo, massacrado no passado, mas mesmo influenciado pelo processo de aculturação
conservou sua cultura.
Que as reflexões
aqui postadas sirvam de norte para uma cultura de defesa, apreciação e respeito
aos indígenas.
REFERÊNCIAS
Documentário - Índios Pataxós e a terra do descobrimento. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Vblr6PrWYs4 . Acesso em 30 jun. 2012.
Oriundi Brasili – Telas de Cândido Portinari. Disponível em: http://oriundibrasile.blogspot.com.br/2010_02_17_archive.html . Acesso em 30 jun. 2012.
REBOUÇAS, Fernando. Aculturação. Disponível em: http://www.infoescola.com/sociologia/aculturação . Acesso em 30 jun. 2012.
Reportagem - Jornal
Nacional (Globo). A religião mudou mitos e costumes indígenas.
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=BFUsNhk-v20.
Acesso em 30 jun. 2012.
Saber – Imagem – Meirelles – 1ª Missa. Disponível em: http://saber.sapo.mz/wiki/Imagem:Meirelles-primeiramissa2.jpg. Acesso em 30 jun. 2012.
Vídeo - Earth . Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=E0cxzAMFDVY
. Acesso em 30 de junho de 2012.
Vídeo - Programa Fantástico (Globo)- Antropólogo americano dedica a vida a estudar indios maranhenses. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=_KhbsgdwVOU . Acesso em 30 jun. 2012.
Após,concluir os trabalhos relacionados aos dois textos, estou imensamente grata por compor esta equipe e, lendo a revista Istoé,p-98-11/7/2012,na Coluna Última Palavra escrito por Ana Paula Padrão em O Universo Feminino me deparei com esta citação:"Falamos de violência, discriminação, mudanças na pirâmide social brasileira. Mas também de beleza, bem-estar, autoestima".
ResponderExcluirRealmente compor uma Equipe Multidisciplinar é muito mais do que fazer leituras e reflexões acerca de alguns temas- é, sobretudo, compartilhar ideias, emoções, práticas e experiências que, sem dúvida, contribuem para que entendamos a nós mesmos e aos outros.
ExcluirPara mim é um grande prazer estar ao seu lado nesta caminhada!!!
Um abraço.
Marilene, para acrescentar algo mais em nosso trabalho, atrevo citar novamente a revista Istoé, p-108-27/7/2011,trecho do texto Gilberto Freire Digital na Coluna Patrimônio, escrito por Monique Oliveira.
ResponderExcluir"Para chegar à maestria de sua obra-prima,"Casa-Grande & Senzala", o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987) observou, fotografou e, documentou o Brasil. Era os anos de 1930 e, por mais que muitos estudiosos estivessem em busca de identidade brasileira, poucos foram além das teses de gabinete. A difícil tarefa de encontrar padrões na miscigenação só poderia fazer sentido para um observador perspicaz. Freyre anotou palavras, descreveu vestimentas e comportamentos sexuais e detalhou a arquitetura das residências para explicar a estrutura patriarcal da sociedade em que vivia.
Foi uma revolução. O determinismo social e a tese da "raça inferior" eram, então esmagados por alguém que ousou olhar de fato para o Brasil. Mas, além das obras, o sociólogo deixou um rico material que pode levar a novas descobertas: cartas e contribuições de amigos, registros fotográficos, artigos, livros e anúncios de jornais.
Tudo isso está agora digitalizado e disponível no site da Fundação Gilberto Freyre(www.fgf.org.br).
Abraços e Sucessos à toda a Equipe.
Cara colega:
ResponderExcluirSuas contribuições são de grande valia e sugerem maiores reflexões, servindo de referencial para professores e alunos que queiram estudar o assunto.
Um abraço