sexta-feira, 6 de julho de 2012

2º encontro - 30-06-2012

Reflexão:
                 Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.
                                                                                                           Albert Einstein
PAUTA


a) No vídeo documentário visual Earth (Terra) analisar a riqueza da natureza estabelecendo uma comparação entre os espaços dos seres humanos na Terra, discutindo e registrando a questão de sobrevivência e convivência  neste espaço que integra um mundo rico e abundante, e que apesar do descuido humano ainda é habitável. 
É sabido que as religiões indígenas davam muita importância à terra, com essa visão do mundo, eles garantiam a propriedade coletiva da terra, ninguém poderia dizer que a terra era sua, pois a mesma era de toda a aldeia. (Pellegrini, Eti alii) 2010, com adaptações.
b) É necessário a existência de guerras, mortes, desmatamento e outros problemas sociais como a discriminação racial e étnica? 
c) Onde o povo indígena entra no contexto relacionado ao planeta Terra, à demografia da mesma e ao espaço geográfico?
c) Usando o seu conhecimento sobre o povo autóctone, qual é o modo de produção e as atribuições do “homem branco” no processo histórico deste povo? 


a) Destacar o papel do “homem branco” na vida da aldeia, bem como as mudanças ocorridas a partir deste contato.
b) Quais mudanças são visívei em relação à sexualidade na tribo?
c) O que leva um homem, na posição do antropólogo do documentário, a fazer essa experiência com os índios?
d) Como o processo de aculturação pode ser percebido na vida desses índios?


                                                 Primeira Missa no Brasil, de Cândido Portinari (1948). 

Com um tempo de quase 90 anos de diferença, as telas apresentadas, mostram um pouco da nossa História, evidenciando a cena da primeira missa feita no Brasil, que nos fora transmitida pela carta de Pero Vaz de Caminha. 
A tela de Victor Meirelles, ligado ao romantismo, mostra a fundação do Brasil numa visão de um encontro cordial entre os dois povos, o português o o indígena. “Não há conflito. Há paz, harmonia, respeito. Os indígenas formam uma espécie de moldura para a parte central da cena, ocupada pelo altar e pelos portugueses. Meirelles procurou demonstrar a curiosidade dos indígenas em relação ao ritual religioso: alguns se movem, talvez incomodados com o que não conheciam, outros se deixam ficar estáticos, observando os detalhes, ouvindo as palavras, mesmo que não fossem capazes de decodificar tudo isso naquele momento.” (Campos e Faria, 2009)
Na tela de Cândido Portinari, é excluída a natureza e os índios, existe uma crítica que confronta a narrativa sob a carta de Caminha. Também é evidente que não existe a cruz fincanda no altar. Portinari foi um grande artista brasileiro, oriundo do estado de São Paulo. Retratou painéis e murais. Grande ativista da Semana de Arte Moderna de 1922 foi considerado um pintor de grandes temáticas sociais.  (extraído do site: http://www.culturabrasil.pro.br/portinari.htm)                           

Após a leitura sobre a análise das iconografias, seguem os questionamentos, disponíveis no livro História e linguagens, de Campos e Faria (2009) com algumas adaptações.

a) Que documento histórico escrito aborda o fato retratado na obra? A cena apresenta diferenças em relação ao conteúdo desse documento? Há elementos na cena que suscitam dúvidas quanto à sua representação da história?
b) Que elementos compõem a cena? Quem são os personagens da cena? O que eles fazem? Eles podem ser divididos em grupos? O que os caracteriza? Que sentimentos expressam? Nas duas imagens existe a presença de todos os personagens?
c) Qual o principal símbolo da cena? O que ele representa? Que relação há entre o símbolo e os personagens? Por que na segunda imagem não está inserida a cruz?
d) Sabendo-se que Victor Meirelles foi incentivado e patrocinado pelo governo imperial, que essa obra contou com grande reconhecimento no exterior e que ela é muito usada em livros de história,  qual o papel dessa  pintura na construção da identidade nacional? Como contrapor a pintura de Meirelles à de Portinari?


4)  Vídeo: A religião mudou mitos e costumes indígenas - Jornal Nacional (Globo)
a) Que processo é percebido na reportagem?
b) Quando se toma a questão de aculturação no Brasil, fica evidente a participação do chamado “homem branco” na cultura indígena! Essa situação histórica sempre fora encarada como um processo de degeneração da identidade cultural dos povos indígenas. De que maneira se explica essa situação atualmente, haja vista a diferença do povo que aqui existia antes da chegada do europeu?



Texto
Expedições percorrem o sul da Bahia para conhecer os índios Pataxós, que estão totalmente ligados à terra do descobrimento. Concentrados em aldeias há pelo menos 150 anos, esse grupo indígena ocupa o litoral baiano, que vai desde Belmonte e Cabrália, ao norte, passando por Porto Seguro e Monte Pascoal, até Prado, ao sul. No século XX, os Pataxós sofreram um grande processo de aculturação e foram colocados à margem da sociedade. Os resultados foram a invasão de seus territórios e a perda quase total de sua cultura -um processo intensificado, principalmente com a implantação de grandes fazendas de pecuária.                                                         
Paula Saldanha e Roberto Werneck documentam a Reserva da Jaqueira, ligada à Reserva da Coroa Vermelha, que abriga um Ponto de Cultura, onde famílias vivem para manter e divulgar a cultura Pataxó; Barra Velha, considerada a 'Aldeia Mãe', a mais populosa e a mais tradicional; Aldeia Pé do Monte, na base do Monte Pascoal -- referência espiritual para os Pataxós; e as 'Escolas Diferenciadas', com professores indígenas e ensino bilíngue, que preparam os jovens para a vida moderna, valorizando os costumes, a cultura e a identidade étnica entre as novas gerações.
Uma conquista recente foi a decisão do Supremo Tribunal Federal (STJ), que reconheceu o direito dos Pataxós às terras da reserva Caramuru-Catarina-Paraguassu, anulando todos os títulos de propriedade concedidos a fazendeiros, em terrenos localizados dentro dessa área indígena.                                               
Expedições mostram o que lideranças indígenas estão fazendo para conquistar qualidade de vida para cerca de 20 mil brasileiros que compõem o povo Pataxó. O documentário mostra também a luta de um povo guerreiro que encontrou meios para resistir à pressão dos homens brancos e para manter sua cultura viva.

a) Discuta a realidade desse povo e a intervenção do mesmo para manter a riqueza de sua cultura.
b) Qual a importância do documentário para a nossa cultura em relação aos indígenas?


Bom trabalho!
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REFLEXÕES DA EQUIPE


Sabemos tudo sobre o nosso planeta? Não, há muita informação, que nem mesmo os grandes pesquisadores e cientistas ainda conseguiram desvendar. Sabe-se  que há cinco bilhões de anos, um gigantesco asteróide se chocou com a Terra. O impacto foi tão grande que inclinou o planeta em um ângulo de 23º30'. Mas, isso não foi uma catástrofe. Este acidente cósmico foi crucial para a criação da vida e do mundo. Se a Terra não tivesse sido inclinada nós não teríamos uma variedade tão espetacular de paisagens, ou extremos tão quentes e frios, nem as mudanças de estação. E, mais importante, não teríamos as condições perfeitas para viver. E assim, mesmo com as intempéries, a vida na Terra prossegue. A terra vive uma história por dia, em bilhões de vezes, 365 dias por ano. Enquanto passa pelas estações, cada criatura viva se curva ao poder do Sol.
Realmente o planeta Terra é lindo! Tudo o que existe na natureza é fantástico. Observando as imagens do documentário “Earth” nos damos conta de quanto perdemos por não aproveitar com sabedoria e respeito, a maravilha que é o Planeta Terra.  
Somos apenas um grão de areia nessa infinita beleza, e nos achamos donos de tudo!
Neste contexto, destacamos os indígenas, povos adoradores da natureza, cuja vida absolutamente natural chamou a atenção de Bill Crocker, antropólogo americano que abandonou suas origens para viver com os índios Canelas, que vivem no centro-sul do maranhão.
O vídeo mostra as mudanças ocorridas na comunidade em consequência da permanência de Bill; aliás, é justamente esse registro que mostra o resultado dessa interferência.
Houve um processo de aculturação, não impositiva, o que contribuiu tanto para Bill, quanto para a tribo.
A aculturação é  um processo de imposição cultural , ocorrido no Brasil colonial, através  catequização dos índios e negros .
Atualmente, e como observa-se na reportagem  “A religião mudou mitos e costumes indígenas “ a  aculturação tem uma nova conotação – se faz  como resultado da absorção mútua de duas culturas, suas características e costumes, gerando uma nova referência.
A identidade social do indígena não é destruída neste contato, porque este processo não é impositivo, nem violento, mas oriundo de uma necessidade de informação e busca de aspectos culturais por parte deste povos.
Em se tratando de indígenas, registros se fizeram também através das artes. Duas obras interessantes podem ser citadas e comparadas nas suas especificidades. Elas retratam trecho da carta de Pero Vaz de Caminha, acerca da primeira missa realizada no Brasil. O que Caminha diz na carta ao rei de Portugal evidencia a missa como sendo algo importante para todos os portugueses, e que os índios a viam com grande curiosidade, sendo assim a obra de Meirelles se assemelha em vários aspectos ao que foi retratado na carta. Tendo em vista o contexto histórico, é perceptível que os indígenas não se comportariam de maneira tão dócil como retratado na obra de Meirelles.
A obra de Meirelles é composta de elementos ligados ao romantismo, assim usa-se todos os personagens de maneira harmônica. Na cena nota-se o padre que rezou a missa, portugueses, e os indígenas que parecem deslumbrados com aquele rito. Há a possibilidade de divisão em grupos dos que compõem a cena, pode se colocar o padre como quem dirige o ritual, o grupo de portugueses que vivenciam sua fé, e os indígenas que não entendem o que está acontecendo, mas ficam ali para observar. Porém, quando Portinari faz uma leitura do mesmo fato ele, exclui os indígenas e a natureza da obra, pois para ele, não se trata de um momento tão pacífico, tendo em vista que uma das maneiras de violência contra os indígenas foi a catequização, que fazia com que eles deixassem de acreditar nos seus deuses e passassem a acreditar no Deus dos portugueses.
O símbolo principal da cena, na obra de Meirelles é a cruz nas mãos do padre que rezava a missa. Representando assim, a ressurreição, uma nova vida, a mesma proposta da catequização aos indígenas. Portinari exclui a cruz da sua obra, pois o lado crítico que ele propõe é justamente romper com esse caráter pacifista dos portugueses, que nos foi incutido pelos livros didáticos.
A tela de Meirelles nos foi sempre apresentada como representação fiel do fato, porém nela temos que perceber a influência elitista de colocar os colonizadores como sendo somente bem-feitores. Ao passo que a de Portinari justamente faz o caminho inverso, pois quando exclui elementos da cena (cruz, indígenas, natureza), ele procura retratar o fato de uma nova perspectiva, de separar, portugueses, indígenas e fé, ou seja, uma relação pacífica que nunca existiu.
Através do Vídeo “Índios Pataxós e a Terra do descobrimento” podemos perceber que com a chegada do homem branco, esse povo foi perdendo seu território. Os primeiros povos Pataxós eram nômades que subsistiam da caça, pesca e coleta de frutas e raízes. Com a tomada de seus territórios, muitos deixaram suas tribos e foram morar nas praias baianas. Mas o povo Pataxó é guerreiro e permaneceu na sua cultura livre.
A importância deste documentário está expressa no conhecimento da verdadeira história deste povo, massacrado no passado, mas mesmo influenciado pelo processo de aculturação conservou sua cultura.
Que as reflexões aqui postadas sirvam de norte para uma cultura de defesa, apreciação e respeito aos indígenas.

REFERÊNCIAS




Documentário - Índios Pataxós e a terra do descobrimento. Disponível em:  http://www.youtube.com/watch?v=Vblr6PrWYs4 . Acesso em 30 jun. 2012.

Oriundi Brasili – Telas de Cândido Portinari. Disponível em: http://oriundibrasile.blogspot.com.br/2010_02_17_archive.html . Acesso em 30 jun. 2012.

REBOUÇAS, Fernando.  Aculturação. Disponível em: http://www.infoescola.com/sociologia/aculturação . Acesso em 30 jun. 2012.

Reportagem - Jornal Nacional (Globo).  A religião mudou mitos e costumes indígenas. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=BFUsNhk-v20. Acesso em 30 jun. 2012.

Saber – Imagem – Meirelles – 1ª Missa. Disponível em: http://saber.sapo.mz/wiki/Imagem:Meirelles-primeiramissa2.jpg. Acesso em 30 jun. 2012.

Vídeo - Earth . Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=E0cxzAMFDVY . Acesso em 30 de junho de 2012.

Vídeo - Programa Fantástico (Globo)- Antropólogo americano dedica a vida a estudar indios maranhenses.  Disponível em:  http://www.youtube.com/watch?v=_KhbsgdwVOU . Acesso em 30 jun. 2012.



4 comentários:

  1. Após,concluir os trabalhos relacionados aos dois textos, estou imensamente grata por compor esta equipe e, lendo a revista Istoé,p-98-11/7/2012,na Coluna Última Palavra escrito por Ana Paula Padrão em O Universo Feminino me deparei com esta citação:"Falamos de violência, discriminação, mudanças na pirâmide social brasileira. Mas também de beleza, bem-estar, autoestima".

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    1. Realmente compor uma Equipe Multidisciplinar é muito mais do que fazer leituras e reflexões acerca de alguns temas- é, sobretudo, compartilhar ideias, emoções, práticas e experiências que, sem dúvida, contribuem para que entendamos a nós mesmos e aos outros.
      Para mim é um grande prazer estar ao seu lado nesta caminhada!!!
      Um abraço.

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  2. Marilene, para acrescentar algo mais em nosso trabalho, atrevo citar novamente a revista Istoé, p-108-27/7/2011,trecho do texto Gilberto Freire Digital na Coluna Patrimônio, escrito por Monique Oliveira.
    "Para chegar à maestria de sua obra-prima,"Casa-Grande & Senzala", o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987) observou, fotografou e, documentou o Brasil. Era os anos de 1930 e, por mais que muitos estudiosos estivessem em busca de identidade brasileira, poucos foram além das teses de gabinete. A difícil tarefa de encontrar padrões na miscigenação só poderia fazer sentido para um observador perspicaz. Freyre anotou palavras, descreveu vestimentas e comportamentos sexuais e detalhou a arquitetura das residências para explicar a estrutura patriarcal da sociedade em que vivia.
    Foi uma revolução. O determinismo social e a tese da "raça inferior" eram, então esmagados por alguém que ousou olhar de fato para o Brasil. Mas, além das obras, o sociólogo deixou um rico material que pode levar a novas descobertas: cartas e contribuições de amigos, registros fotográficos, artigos, livros e anúncios de jornais.
    Tudo isso está agora digitalizado e disponível no site da Fundação Gilberto Freyre(www.fgf.org.br).

    Abraços e Sucessos à toda a Equipe.

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  3. Cara colega:

    Suas contribuições são de grande valia e sugerem maiores reflexões, servindo de referencial para professores e alunos que queiram estudar o assunto.
    Um abraço

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