PAUTA
1. A partir do texto extraído do livro: História daCidadania: Sonhando com a terra, construindo a
cidadania de Flávio dos Santos Gomes, anote suas reflexóes considerando os seguintes aspectos:
a)
Como analisar a questão do trabalho na
História do Brasil?
b)
Qual a atitude dos negros em relação ao
trabalho?
c) A violência da sociedade
escravista.
d)
Qual a estrutura de um
quilombo/mocambo, como estes surgiram?
e)
Relate as visões dos formatos dos
quilombos, a “culturalista” e a “materialista”.
f)
Como analisar o Quilombo dos Palmares?
g) Os quilombos são formas de protesto?
g) Os quilombos são formas de protesto?
h)
É possível levantar hipóteses dos
quilombos serem micro-sociedades camponesas?
i) A formação e estrutura das
comunidades camponesas.
j) Existia o comércio? Como eram as
relações comerciais entre os negros dos quilombos?
k)
Quais reivindicações eram apresentadas?
l)
Que produtos eram cultivados nos
refúgios?
m) Explique
as diversas formas dos quilombos.
n)
Relação de alguns quilombolas ao
banditismo.
o)
Sobre as considerações finais. Quais
levantamentos podem ser descritos?
p)
Comente o último parágrafo das
Considerações Finais.
a). Como tudo o que fora analisado neste
encontro pode ser demonstrado nas leis referentes aos afro-descendentes?
b) Como a educação pode contribuir em
retirar o caráter negativo existente da população afro brasileira com base nos
estudos sobre essa temática nos encontros ocorridos durante este ano sobre o
assunto.
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REFLEXÕES DA EQUIPE
Referências
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REFLEXÕES DA EQUIPE
O
Brasil, no que se refere a trabalho, tem como marca a escravidão, que mesmo
depois da abolição continuou existindo.
Durante esta ocorrência, em diversas
áreas aconteceram greves, motins. O povo escravizado organizou-se em sociedades
e sindicatos, respondendo ao estado de insatisfação a que vivia.
Dentre as várias formas históricas de
protesto citamos a formação das comunidades de fugitivos.
No Brasil, desde o período colonial,
comunidades de fugitivos escravos receberam as denominações de quilombos e/ ou
mocambos.
Os quilombos/mocambos eram espaços de vivência dos negros, que podiam estar de certa forma, mais próximos dos seus costumes, mas fora do cotidiano da comunidade urbana local. Estes espaços surgem como um instrumento de resistência e de autoafirmação da identidade cultural dos negros e muitos possuíam organização social e hierárquica, inclusive a situação de dominação e dominados ali estava presente.
Os quilombos/mocambos eram espaços de vivência dos negros, que podiam estar de certa forma, mais próximos dos seus costumes, mas fora do cotidiano da comunidade urbana local. Estes espaços surgem como um instrumento de resistência e de autoafirmação da identidade cultural dos negros e muitos possuíam organização social e hierárquica, inclusive a situação de dominação e dominados ali estava presente.
A formação dos quilombos pode ser
analisada sob dois aspectos, no aspecto culturalista, os quilombos surgem como
um meio de o negro alimentar sua cultura contra a opressão dos brancos,ou seja,
manter viva características como religião, culinária, arte, entre outros
aspectos culturais, já no aspecto materialista, a sociedade dos quilombos é colocada
à margem da sociedade urbana, assim dando a ela um aspecto de segregação, onde
estas só existem como meio de fuga dos negros e são analisadas à parte do
contexto social e cultural das mesmas.
O Quilombo dos Palmares, o maior das
Américas, era uma comunidade extremante organizada, política e economicamente. Teve
líderes como Zumbi, e serviu de exemplo de organização para outras comunidades
que surgiram depois dele, e através dele, tendo em vista que vários outros foram
o resultado de um processo de expansão do Quilombo dos
Palmares. Do ponto de vista de resistência, foi o maior, pois durante mais de
100 anos enfrentou as investidas do governo e dos fazendeiros - ambos se
sentiam intimidados e prejudicados por essas sociedades, portanto Palmares foi
um exemplo organizado de resistência ao processo opressor do branco sobre o
negro no Brasil, principalmente por terem confrontado até mesmo militarmente o
governo, ou seja, não constituía somente um local de sobrevivência cultural,
mas havia ali também instrumentos políticos, econômicos e socioculturais que os
faziam assumir uma identidade de comunidade independente e autônoma.
Embora os Quilombos não tenham surgido
como meio de protesto, mas sim de sobrevivência, ao passo que estes constituíam
um meio de confronto ao sistema opressor, essa ideia tomou corpo na luta pela
liberdade.
Na perspectiva da formação de
comunidades camponesas pode-se pensar na constituição de quilombos e as suas
articulações socioeconômicas pontuais, com circuitos de abastecimento de alimentos
e vários outros produtos em diversas áreas. Feijão, milho, mandioca e outros
excedentes produzidos em alguns mocambos podiam tanto ser trocados com os
escravos nas senzalas, com taberneiros, como ser enviados para os mercados
locais por intermediários comerciais. Tal perspectiva pode ter proporcionado
transformações essenciais nas relações entre senhores e escravos, uma vez que
os mundos criados pelos quilombolas interagiam cada vez mais com aqueles que
permaneceram escravos. Embora com tentativas frustradas, foram vários os
momentos em que os escravos tentaram conquistar compensações dentro da própria
escravidão. Tratava-se de uma perspectiva de garantir margens de autonomia,
acesso a terra e ao controle sobre suas vidas e comunidades.
Os quilombolas mantinham relações comerciais
com fazendeiros, vendeiros, escravos e mesmo com grupos indígenas locais. Os
habitantes dos quilombos do rio Trombetas possuíam, além de mandioca, uma
considerável plantação de fumo. O tabaco produzido por eles era considerado o
de melhor qualidade. Contando com o apoio dos escravos da região, esses
quilombolas vinham, com suas próprias canoas, até o porto de Óbidos, trazendo
cacau, salsa parilha e outros produtos. Muitas dessas negociações eram feitas
durante a noite, pois os fugitivos e os comerciantes temiam os “agentes do
fisco” e os capitães-do-mato. Eles também atravessavam a fronteira e mantinham
negócios com comerciantes holandeses da Guiana, que lhes forneciam armas e
ferramentas em troca de seus produtos. Suas redes de comércio estendiam-se até
os agrupamentos indígenas circunvizinhos. Os quilombolas dessa região
cultivavam permanentes relações com os escravos das fazendas vizinhas, e por
certo integravam cada vez mais suas atividades econômicas próprias com as comunidades
das senzalas. Tal integração pode ter sido reconhecida informalmente por alguns
fazendeiros em várias regiões. Alguns senhores talvez percebessem que se efetuassem trocas mercantis com os quilombolas
locais podia desgostá-los e motivá-los a fugir definitivamente para o quilombo.
Um grupo de escravos enviou um tratado
ao então proprietário do
engenho, em que procuravam colocar termos às condições de trabalho, reivindicando, entre outras coisas, margens de autonomia para não só cultivarem suas roças, mas também comerciarem os produtos delas provenientes no mercado local. Este documento foi objeto de polêmicas e controvérsias teóricas e metodológicas entre diversos historiadores em torno da relação resistência/ acomodação escrava e das atividades econômicas próprias dos cativos no sistema escravista, outros procuraram apenas ressaltar o caráter atípico que envolveu esse episódio com os escravos do referido engenho, uma ex-propriedade dos jesuítas confiscada pela Coroa Portuguesa em 1759.
engenho, em que procuravam colocar termos às condições de trabalho, reivindicando, entre outras coisas, margens de autonomia para não só cultivarem suas roças, mas também comerciarem os produtos delas provenientes no mercado local. Este documento foi objeto de polêmicas e controvérsias teóricas e metodológicas entre diversos historiadores em torno da relação resistência/ acomodação escrava e das atividades econômicas próprias dos cativos no sistema escravista, outros procuraram apenas ressaltar o caráter atípico que envolveu esse episódio com os escravos do referido engenho, uma ex-propriedade dos jesuítas confiscada pela Coroa Portuguesa em 1759.
Temos, em diversas regiões, a produção
de alimentos, destacando-se a importância da produção de farinha de mandioca
entre comunidades camponesas. Também diversos produtos, como mel, lenha, drogas
do sertão, gado e outros que complementavam as economias envolventes. Muitos
desses camponeses negros e mestiços, além de cultivar suas próprias terras e
com seus produtos excedentes acessarem mercados locais, acabavam se
transformando em trabalhadores rurais para outros proprietários. Na
complexidade histórica desse campesinato no Brasil vemos ainda, entre outras
coisas, o surgimento de culturas do mundo rural. Em várias regiões coloniais
brasileiras, fugitivos e quilombolas – organizados ou não, em pequenos e
grandes grupos – inventavam suas próprias liberdades. Isso acontecia tanto em
regiões que começavam a desenvolver suas lavouras de açúcar, de alimentos e
criação de gado com naquelas já importantes na produção açucareira. Mesmo os
casos de interiorização dos grupos quilombolas não significaram isolamento.
Continuariam articulados – na medida do possível – com outros setores sociais e
a sociedade envolvente. Quilombolas modificariam e seriam modificados pelos
cenários sociais, econômicos, demográficos e culturais nessas variadas regiões.
Ao longo dos séculos de escravidão, os
negros fugidos buscavam áreas desocupadas e distantes da população de origem
europeia. Geralmente, escolhiam locais de difícil acesso, como grotas, serras e
matas fechadas. De um modo geral, os quilombos acolhiam também índios, mestiços
e brancos. As denominações quilombos, mocambos, terra de preto, comunidades
remanescentes de quilombos, comunidades negras rurais, remanescentes de
comunidades de quilombos são expressões que designam grupos sociais
descendentes de escravos africanos trazidos para o Brasil durante o período
colonial, que resistiram ou se rebelaram contra o regime escravista, formando
territórios independentes onde a liberdade e os trabalhos comuns passaram a
constituir símbolos de liberdade, autonomia, resistência e diferenciação do
regime de trabalho escravista. Os quilombos
representaram uma das formas de resistência e combate à escravidão. Rejeitando
a cruel forma de vida, os negros buscavam a liberdade e uma vida com dignidade,
resgatando a cultura e a forma de viver que deixaram na África e contribuindo
para a formação da cultura
afro-brasileira.
Neste contexto, havia grupos de
quilombolas locais que praticavam assaltos a viajantes e a fazendas para lhes
roubarem dinheiros em busca de mantimentos, furtavam criações e gados de
propriedades circunvizinhos. Com o dinheiro e o produto de roubos que
praticavam podiam manter alguma troca de armamentos e munições, se tornavam
criminosos e sequestradores e também saqueavam produtos das fazendas.
Buscando-se elementos
simbólicos e culturais que influem no processo de identificação da comunidade,
obtém-se um currículo que atende à especificidade étnica e cultural dos
quilombolas. Trabalhar insistentemente a autoestima e a conscientização da
cidadania da criança negra com a criança não negra, a possibilidade de conhecer
uma cultura diferente da apresentada que de maneira alguma está num patamar
abaixo ou acima, é conscientizar de que estamos num universo de culturas
diferentes que devem ser respeitadas nas suas individualidades.
Neste sentido, a Lei 10.639/3,
estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional, para incluir no
currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e
Cultura Afro-Brasileira”, e a Lei
11.645/8 estabelece as diretrizes e bases de Educação Nacional, para incluir no
currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena Brasileira”, ambas sancionadas por Luiz
Inácio Lula da Silva.
Durante os 500 anos de história do
Brasil ficamos atrelados aos grilhões da discriminação e do preconceito racial.
Milhares de pessoas pagaram, primeiro
com a vida e depois com uma história de marginalização e miséria, para que o
hediondo sistema de dominação pela discriminação racial pudesse prevalecer.
Grupos etnicamente dominantes lutam para manter seus privilégios, seu poder, os
benefícios que gozam, as oportunidades culturais que usufruem.
A história da participação da
população negra e dos indígenas na formação do povo brasileiro foi distorcida
e, por esse motivo, deve ser reescrita.
Acreditamos que a transformação da sociedade começa com uma legislação
que defenda os direitos e à cidadania igualitária.
Referências
CASA CIVIL. Lei10.639/03. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htme
. Acesso em 29 de set. de 2012.
CASA CIVIL. Lei11.645/08. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm . Acesso em 29 de set. de 2012.
GOMES,
Flávio dos Santos. Sonhando com a Terra, construindo Cidadania. In:
História e Cidadania. São Paulo: Contexto, 2003, p.462.
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